Cintilografia de Perfusão do Miocárdio
A cintilografia de perfusão miocárdica é um estudo não-invasivo, capaz
de diagnosticar a presença de isquemia e suas principais indicações são:
a)
no
diagnóstico de isquemia miocárdica decorrente de coronariopatia obstrutiva em
pacientes com probabilidade pré-teste intermediária. Exemplos: paciente
assintomático com teste ergométrico positivo, paciente sintomático com teste
ergométrico negativo, mulheres com angina atípica, etc.
b)
em
pacientes com coronariopatia obstrutiva conhecida, a cintilografia é importante
na avaliação da repercussão isquêmica de lesão limítrofe
c)
em
coronariopatas, na estratificação de risco e avaliação prognóstica de pacientes
com angina estável, e conseqüentemente no auxílio da decisão terapêutica
(clínica X cirúrgica).
d)
na
estratificação de risco pós-IAM e angina instável e na estratificação de risco
para pacientes que vão se submeter a cirurgias não cardíacas (em especial
vascular)
e)
na
avaliação de isquemia após procedimento de revascularização miocárdica ou
angioplastia. (detecção de reestenose ou complicações)
f)
detecção
da presença de viabilidade miocárdica em pacientes com miocardiopatia isquêmica
com disfunção ventricular
g)
diagnóstico
precoce de isquemia em unidades de dor torácica
h)
avaliação
de isquemia na população pediátrica nos casos de anomalia coronariana congênita
e doença de Kawasaki.
O resultado da cintilografia além da alta sensibilidade (> 85%) e
especificidade (> 85%) no diagnóstico da presença de isquemia miocárdica,
fornece dados de importância prognóstica, que são a base da conduta
terapêutica. A introdução da aquisição de imagens sincronizadas ao ECG (Gated
SPECT), proporcionou ainda a possibilidade da adição da avaliação da função
ventricular esquerda aos achados da perfusão miocárdica.
A cintilografia é realizada em 2 tempos, primeiro ao repouso e um
segundo após o sistema cardíaco ser submetido a algum estresse, que pode ser
feito com teste ergométrico ou uso de alguma medicação (dipiridamol, adenosina
ou dobutamina). A acurácia diagnóstica do exame é semelhante independente do
tipo de estresse utilizado.
A cintilografia com teste
ergométrico (protocolo de Bruce ou Ellestad) é a primeira escolha por ser a
avaliação mais fisiológica. Contra-indicações: ICC descompensada, angina
instável não controlada, HAS severa não controlada, IAM < 2 dias, estenose
aórtica severa, Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva.
A cintilografia com
dipiridamol ou adenosina está indicada nas situações com incapacidade de
realização de exercício adequado como: insuficiência vascular periférica,
problemas ortopédicos, doenças pulmonares (exceto asma), doenças neurológicas,
obesidade mórbida, pacientes com medicação (beta-bloqueadores, digitais,etc.) e
é o estresse preferencial em portadores de bloqueio de ramo esquerdo (BRE) ao
eletrocardiograma. Há necessidade de excluir da dieta cafeína, aminofilina e
xantinas pois o consumo destes pode acarretar em resultados falso-negativos.
Contra-indicações: < 48 hrs angina instável, asma brônquica, BAV 2º grau,
doença do nó sinusal e hipotensão arterial.
A cintilografia com dobutamina
está indicada nos pacientes que não podem submeter-se ao exercício, nem ao
dipiridamol / adenosina. Contra-indicações: Angina < 48 hrs, IAM recente,
disfunção VE severa, HAS severa, estenose aórtica severa, fibrilação atrial de
alta resposta.
A cintilografia de perfusão miocárdica apresenta papel fundamental na
avaliação de prognóstico e predição de eventos em todos os segmentos e formas
de apresentação da Doença Arterial Coronariana. O estudo é capaz de
estratificar pacientes estáveis e sabidamente coronariopatas em baixo risco
(taxa inferior a 0,8% ao ano) ou alto risco (acima de 3% ao ano) para eventos
ou morte de causa cardiovascular, conforme a perfusão miocárdica mostre-se
normal ou marcadamente alterada; infere prognóstico na estratificação
pós-infarto com grande poder de diferenciar os pacientes que terão boa evolução
de acordo com os achados do scan (como localização, tamanho da área do
infarto, presença de isquemia residual e desempenho contrátil do ventrículo
esquerdo) e também possui importante papel na triagem de pacientes com dor
torácica na sala de emergência, com valores de predição negativo para eventos
cardiovasculares, diante de um padrão perfusional normal, próximo a 99%.
Fontes:
1.
Site da
Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular
2.
I Diretriz da Sociedade
Brasileira de Cardiologia Sobre
Cardiologia Nuclear. Arq. Bras.
Cardiol. vol.78 suppl.3 São Paulo 2002
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