terça-feira, 1 de abril de 2014

Medicina Nuclear

Cintilografia de Perfusão do Miocárdio

A cintilografia de perfusão miocárdica é um estudo não-invasivo, capaz de diagnosticar a presença de isquemia e suas principais indicações são:
a)    no diagnóstico de isquemia miocárdica decorrente de coronariopatia obstrutiva em pacientes com probabilidade pré-teste intermediária. Exemplos: paciente assintomático com teste ergométrico positivo, paciente sintomático com teste ergométrico negativo, mulheres com angina atípica, etc.
b)   em pacientes com coronariopatia obstrutiva conhecida, a cintilografia é importante na avaliação da repercussão isquêmica de lesão limítrofe
c)    em coronariopatas, na estratificação de risco e avaliação prognóstica de pacientes com angina estável, e conseqüentemente no auxílio da decisão terapêutica (clínica X cirúrgica).
d)   na estratificação de risco pós-IAM e angina instável e na estratificação de risco para pacientes que vão se submeter a cirurgias não cardíacas (em especial vascular)
e)   na avaliação de isquemia após procedimento de revascularização miocárdica ou angioplastia. (detecção de reestenose ou complicações)
f)     detecção da presença de viabilidade miocárdica em pacientes com miocardiopatia isquêmica com disfunção ventricular
g)    diagnóstico precoce de isquemia em unidades de dor torácica
h)   avaliação de isquemia na população pediátrica nos casos de anomalia coronariana congênita e doença de Kawasaki.
O resultado da cintilografia além da alta sensibilidade (> 85%) e especificidade (> 85%) no diagnóstico da presença de isquemia miocárdica, fornece dados de importância prognóstica, que são a base da conduta terapêutica. A introdução da aquisição de imagens sincronizadas ao ECG (Gated SPECT), proporcionou ainda a possibilidade da adição da avaliação da função ventricular esquerda aos achados da perfusão miocárdica.
A cintilografia é realizada em 2 tempos, primeiro ao repouso e um segundo após o sistema cardíaco ser submetido a algum estresse, que pode ser feito com teste ergométrico ou uso de alguma medicação (dipiridamol, adenosina ou dobutamina). A acurácia diagnóstica do exame é semelhante independente do tipo de estresse utilizado.
A cintilografia com teste ergométrico (protocolo de Bruce ou Ellestad) é a primeira escolha por ser a avaliação mais fisiológica. Contra-indicações: ICC descompensada, angina instável não controlada, HAS severa não controlada, IAM < 2 dias, estenose aórtica severa, Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva.
A cintilografia com dipiridamol ou adenosina está indicada nas situações com incapacidade de realização de exercício adequado como: insuficiência vascular periférica, problemas ortopédicos, doenças pulmonares (exceto asma), doenças neurológicas, obesidade mórbida, pacientes com medicação (beta-bloqueadores, digitais,etc.) e é o estresse preferencial em portadores de bloqueio de ramo esquerdo (BRE) ao eletrocardiograma. Há necessidade de excluir da dieta cafeína, aminofilina e xantinas pois o consumo destes pode acarretar em resultados falso-negativos. Contra-indicações: < 48 hrs angina instável, asma brônquica, BAV 2º grau, doença do nó sinusal e hipotensão arterial.
A cintilografia com dobutamina está indicada nos pacientes que não podem submeter-se ao exercício, nem ao dipiridamol / adenosina. Contra-indicações: Angina < 48 hrs, IAM recente, disfunção VE severa, HAS severa, estenose aórtica severa, fibrilação atrial de alta resposta.
A cintilografia de perfusão miocárdica apresenta papel fundamental na avaliação de prognóstico e predição de eventos em todos os segmentos e formas de apresentação da Doença Arterial Coronariana. O estudo é capaz de estratificar pacientes estáveis e sabidamente coronariopatas em baixo risco (taxa inferior a 0,8% ao ano) ou alto risco (acima de 3% ao ano) para eventos ou morte de causa cardiovascular, conforme a perfusão miocárdica mostre-se normal ou marcadamente alterada; infere prognóstico na estratificação pós-infarto com grande poder de diferenciar os pacientes que terão boa evolução de acordo com os achados do scan (como localização, tamanho da área do infarto, presença de isquemia residual e desempenho contrátil do ventrículo esquerdo) e também possui importante papel na triagem de pacientes com dor torácica na sala de emergência, com valores de predição negativo para eventos cardiovasculares, diante de um padrão perfusional normal, próximo a 99%.

Fontes:
1.    Site da Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular

2.    I Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Cardiologia Nuclear. Arq. Bras. Cardiol. vol.78  suppl.3 São Paulo  2002

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