quarta-feira, 9 de abril de 2014

09/04 - Mama


Rastreio de Lesões Mamárias

O câncer da mama designa a neoplasia mais comum na população feminina, compreendendo cerca de 16% de todos os tumores da mulher. A diminuição da mortalidade está intimamente relacionada com a detecção precoce de doenças mamárias. O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) recomenda, por meio da Comissão Nacional de Mamografia, rastreamento mamográfico anual para todas as mulheres entre 40 e 69 anos de idade e de forma individualizada após essa faixa etária.
A mamografia é uma técnica de diagnóstico que tem como principal objetivo a produção de imagens detalhadas das estruturas internas da mama, de modo a possibilitar o diagnóstico precoce. O estudo mamográfico é composto pela aquisição de duas incidências básicas, a crânio-caudal e a oblíqua mediolateral. Outras incidências complementares poderão ser efetuadas quando se detecta uma lesão suspeita. 
No diagnóstico de lesões mamárias, a ultrassonografia (US) modo-B mostra-se bastante relevante como complemento de outras modalidades diagnósticas. Mostra-se como um estudo de rastreamento de doenças mamárias para as mulheres mais jovens que apresentam mamas densas à mamografia. A técnica de aquisição varia entre pacientes, a localização da lesão, as indicações e o tipo da lesão. Os achados ultrassonográficos devem ser documentados em dois planos ortogonais (longitudinal e transversal).
A elastografia mostra-se como uma técnica promissora no controle evolutivo das lesões suspeitas em idades mais avançadas e em intervalos do controle mamográfico, permitindo orientar o diagnóstico e prognóstico. Nas idades jovens, esta técnica possibilita um acréscimo de informação ao diagnóstico das lesões sólidas, permitindo evitar uma biópsia desnecessária. Mostra-se uma técnica complementar no diagnóstico da doença mamária, sendo associada à US modo-B. É um método que permite quantificar o grau de elasticidade dos tecidos mediante a realização de pressão sobre estes.
A biópsia mamária define-se como um procedimento invasivo que permite a confirmação da detecção de lesões mamárias. Esta técnica recorre à coleta de fragmentos de tecido mamário, os quais são analisados histologicamente. O acompanhamento após este procedimento depende do tipo de achado histológico. 
A classificação dos achados mamográficos é composta por sete categorias, as quais estão diretamente relacionadas com as recomendações de conduta.  Essa classificação foi padronizada em todo o mundo por médicos especialistas da área e se chama classificação BI-RADS®: 
·         Categoria 0 - utilizada em casos cujo resultado está dependente da análise comparativa com o exame anterior ou em reconvocações por erro técnico. Poderá ser também utilizada nos casos que necessitam de avaliação adicional por US ou por ressonância magnética (RM), para esclarecimento diagnóstico.
·         Categoria 1 – Refere-se a um exame negativo para malignidade, não havendo evidência de alterações focais radiográficas significativas.
·         Categoria 2 –achados mamográficos são caracteristicamente benignos.
·         Categoria 3 – Achados mamográficos com probabilidade elevada de serem benignos, com valor preditivo positivo (VPP) igual ou superior a 98%.
·         Categoria 4 – Lesões que apresentam probabilidade de serem malignas, embora não tenham características típicas de carcinoma.
·         Categoria 5 – Lesões que apresentam probabilidade de malignidade elevada (VPP > 95%).
·         Categoria 6 – Lesões cuja malignidade já foi anteriormente confirmada por estudo histológico e que não tenham sido submetidas a qualquer tratamento definitivo.
    A avaliação das imagens de US modo-B, à semelhança da mamografia, é realizada de acordo com a classificação BI-RADS. Já as imagens obtidas pela elastografia, nomeadamente as propriedades elásticas dos tecidos, são analisadas qualitativamente segundo a escala de elasticidade de Ueno, sendo esta composta por cinco níveis. A elastografia apresenta boa sensibilidade e alta especificidade diagnósticas na diferenciação entre as lesões benignas e as malignas, podendo assim reduzir-se o número de biópsias mamárias realizadas atualmente. Embora os métodos em estudo não possuam iguais sensibilidades e especificidades para as mesmas lesões, a sua conjugação poderá melhorar claramente a acuidade diagnóstica das lesões mamárias. 

Paciente de 55 anos de idade, sem antecedentes de câncer da mama. Foi detectada uma densidade assimétrica na mama esquerda no ano de 2011, tendo esta aumentado de dimensões recentemente. Realizou mamografia de rastreio, na qual foi detectada a alteração ao nível do tecido mamário anteriormente referida. Realizou-se nova mamografia em incidência oblíqua mediolateral esquerda (a), na qual foi confirmado um nódulo irregular, hiperdenso e de contornos espiculados no quadrante superior externo, classificado em BI-RADS 4c. No estudo ecográfico (b) é demonstrada uma área hipodensa, irregular, de contornos indistintos, causando um cone de sombra acústica, classificada como BI-RADS 4c. A elastografia (c) identificou uma lesão com ausência de elasticidade, totalmente sombreada a azul, correspondendo ao nível 4 da escala de Ueno. O resultado histopatológico revelou a presença de um carcinoma ductal invasivo.


 Paciente de 56 anos de idade, com antecedentes de mastite recente no quadrante superior externo direito. Realizou mamografia composta pelas incidências crânio-caudal (a) e oblíqua mediolateral (b), as quais revelaram uma região hiperdensa, irregular e de contornos parcialmente obscurecidos, classificada como BI-RADS 4b. No estudo ecográfico (c) é identificada uma área hipodensa, ovoide, de contornos parcialmente obscurecidos, causando sombra acústica, classificada como BI-RADS 3. A elastografia (d) demonstrou uma lesão fundamentalmente elástica, com algumas zonas de ausência de elasticidade, classificada como nível 2 da escala de Ueno. O resultado histopatológico revelou a presença de tecido fibroadiposo.

Fonte:
1. Pardal RC et al. Rastreio de lesões mamárias: estudo comparativo. Radiol Bras. 2013 Jul/Ago;46(4):214–220

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