HD: Hepatite C crônica
Realizada biopsia hepática guiada por US
Hepatite C
A hepatite crônica pelo vírus
da hepatite C acomete cerca de 180 milhões de pessoas em todo o mundo.
Estima-se que no Brasil entre 1% e 3% da população estejam contaminados, sendo que
a maioria desconhece esse diagnóstico.
O vírus da hepatite C (HCV) é
um vírus RNA da família Flaviviridae; O processo de replicação do HCV ocorre no
citoplasma do hepatócito e não é
diretamente citopático. O HCV é classificado em seis principais genótipos,
diversos subtipos e cerca de 100 diferentes
cepas
De modo geral, a hepatite
aguda C apresenta evolução subclínica: 80% tem apresentação assintomática. Aproximadamente 20 a 30% dos
casos podem apresentar icterícia e 10 a 20% apresentam sintomas inespecíficos como
anorexia, astenia, mal-estar e dor abdominal.
Habitualmente, a hepatite C é
diagnosticada em sua fase crônica. Como os sintomas são inespecíficos, a doença
pode evoluir durante décadas sem
diagnóstico: na maior parte das vezes, o diagnóstico específico ocorre após
teste sorológico de rotina ou mesmo na
doação de sangue. Na maioria dos portadores do HCV, as primeiras duas décadas
após a transmissão caracterizam-se por evolução insidiosa, com ausência de sinais ou sintomas.
Os níveis séricos de ALT apresentam elevações intermitentes em cerca de 60-70% daqueles que têm infecção crônica. Nos
casos mais graves, ocorre progressão para cirrose e descompensação hepática,
caracterizada por alterações sistêmicas
e hipertensão portal cursando com ascite, varizes esofágicas e encefalopatia
hepática.
Vários fatores parecem
influenciar a progressão da fibrose, tais
como idade superior a 40 anos no momento da infecção, sexo masculino, uso de álcool, coinfecção com
o vírus da hepatite B (HBV) e/ou HIV,
imunossupressão, esteatose hepática,
resistência insulínica e atividade necroinflamatória na primeira biópsia
hepática.
A transmissão do HCV ocorre
pelo contato com sangue infectado em virtude de exposição percutânea,
transfusão de sangue e/ou hemoderivados
e transplantes de doadores infectados. O HCV é transmitido de forma menos
eficiente por exposição de mucosas ou contato com fluidos corporais. Constituem
populações de risco acrescido para infecção pelo HCV: pessoas que receberam
transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993; Usuários de drogas
injetáveis, inaladas ou pipadas, que compartilham equipamentos contaminados
como agulhas, seringas, canudos e cachimbos; Pessoas que compartilham
equipamentos não esterilizados ao frequentar pedicures, manicures e podólogos; pessoas
submetidas a procedimentos para colocação de piercing e confecção de tatuagens;
pacientes que realizam procedimentos cirúrgicos, odontológicos, de hemodiálise
e de acupuntura sem as adequadas normas de biossegurança.
Diagnóstico sorológico: testes
de detecção de anticorpo ou testes de detecção
combinada de antígeno e anticorpo do HCV, em que o anti-HCV é considerado o
principal marcador. São indicados como
testes de triagem na suspeita de infecção pelo HCV, para diagnóstico sorológico
inicial.
Testes moleculares: testes de
detecção de ácidos nucleicos permitem detectar o RNA viral de todos os genótipos
e subtipos descritos do HCV. Esses testes podem ser qualitativos ou quantitativos; é recomenda o método quantitativo
para diagnóstico e monitoramento. Testes moleculares. Teste de genotipagem: capaz de identificar os diversos genotipos,
subtipos e populacoes mistas do HCV, é recomendado na ocasiao da confirmacao do
diagnostico.
Biopsia hepática: é um procedimento invasivo, que na maior parte das
situações é essencial para estadiamento da hepatite crônica e para definição da
necessidade de tratamento. A biopsia transcutânea com agulha é preferida, por
permitir a retirada de fragmentos de áreas distantes da capsula de Glisson, já
que as áreas subcapsulares mostram muitas alterações inespecificas. Alem disso, a biopsia transcutânea
dispensa anestesia geral e reduz o custo do procedimento; sempre que possivel,
deve ser realizada com o auxilio de ultrassonografia.
A hepatite aguda caracteriza-se pela presença predominante das alterações
necroinflamatórias no parênquima, em contraposição com a hepatite crônica, na
qual a inflamação e predominantemente portal. Nos casos de infeccao aguda, a
biopsia hepática é justificada somente na duvida de diagnóstico.
Observar
o tecido hepático em si é a melhor maneira de estabelecer o diagnóstico e de
prover informações sobre o estágio da doença e seu grau de atividade. O padrão histológico hepático complementa a abordagem de pacientes com
doença hepática conhecida, principalmente nas situações cujo padrão de fibrose
orienta o tratamento. Nos pacientes em que não for recomendado o tratamento, a avaliação
clínico-laboratorial deve ser quadrimestral e a biopsia hepática deve ser
realizada a cada 3 a 5 anos.
Fonte:
1. Ministério da
Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Departamento de DST, Aids e
Hepatites Virais. Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C e Coinfecções. Série A.
Normas e Manuais Técnicos. Brasília – DF. Julho de 2011
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