terça-feira, 8 de abril de 2014

08/04 - Radio-intervenção

ID: MCC, 45 anos, feminino
HD: Hepatite C crônica
Realizada biopsia hepática guiada por US

Hepatite C

A hepatite crônica pelo vírus da hepatite C acomete cerca de 180 milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que no Brasil entre 1% e 3% da população estejam contaminados, sendo que a maioria desconhece esse diagnóstico.
O vírus da hepatite C (HCV) é um vírus RNA da família Flaviviridae; O processo de replicação do HCV ocorre no citoplasma  do hepatócito e não é diretamente citopático. O HCV é classificado em seis principais genótipos, diversos subtipos e cerca de 100  diferentes cepas
De modo geral, a hepatite aguda C apresenta evolução subclínica: 80% tem apresentação  assintomática. Aproximadamente 20 a 30% dos casos podem apresentar icterícia e 10 a 20% apresentam sintomas inespecíficos como anorexia, astenia, mal-estar e dor abdominal.
Habitualmente, a hepatite C é diagnosticada em sua fase crônica. Como os sintomas são inespecíficos, a doença  pode evoluir durante décadas sem diagnóstico: na maior parte das vezes, o diagnóstico específico ocorre após teste  sorológico de rotina ou mesmo na doação de sangue. Na maioria dos portadores do HCV, as primeiras duas décadas após a transmissão caracterizam-se por evolução  insidiosa, com ausência de sinais ou sintomas. Os níveis séricos de ALT apresentam elevações intermitentes em cerca  de 60-70% daqueles que têm infecção crônica. Nos casos mais graves, ocorre progressão para cirrose e descompensação hepática, caracterizada por alterações  sistêmicas e hipertensão portal cursando com ascite, varizes esofágicas e encefalopatia hepática.
Vários fatores parecem influenciar a progressão da fibrose,  tais como idade superior a 40 anos no momento da infecção,  sexo masculino, uso de álcool, coinfecção com o vírus da  hepatite B (HBV) e/ou HIV, imunossupressão, esteatose  hepática, resistência insulínica e atividade necroinflamatória na primeira biópsia hepática.
A transmissão do HCV ocorre pelo contato com sangue infectado em virtude de exposição percutânea, transfusão  de sangue e/ou hemoderivados e transplantes de doadores infectados. O HCV é transmitido de forma menos eficiente por exposição de mucosas ou contato com fluidos corporais. Constituem populações de risco acrescido para infecção pelo HCV: pessoas que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993; Usuários de drogas injetáveis, inaladas ou pipadas, que compartilham equipamentos contaminados como agulhas, seringas, canudos e cachimbos; Pessoas que compartilham equipamentos não esterilizados ao frequentar pedicures, manicures e podólogos; pessoas submetidas a procedimentos para colocação de piercing e confecção de tatuagens; pacientes que realizam procedimentos cirúrgicos, odontológicos, de hemodiálise e de acupuntura sem as adequadas normas de biossegurança.
Diagnóstico sorológico: testes de detecção de anticorpo ou testes de  detecção combinada de antígeno e anticorpo do HCV, em que o anti-HCV é considerado o principal marcador. São indicados  como testes de triagem na suspeita de infecção pelo HCV, para diagnóstico sorológico inicial.
Testes moleculares: testes de detecção de ácidos nucleicos permitem detectar o RNA viral de todos os genótipos e subtipos descritos do HCV. Esses testes podem  ser qualitativos  ou quantitativos; é recomenda o método quantitativo para diagnóstico e monitoramento. Testes moleculares. Teste de genotipagem: capaz de identificar os diversos genotipos, subtipos e populacoes mistas do HCV, é recomendado na ocasiao da confirmacao do diagnostico.
Biopsia hepática: é um procedimento invasivo, que na maior parte das situações é essencial para estadiamento da hepatite crônica e para definição da necessidade de tratamento. A biopsia transcutânea com agulha é preferida, por permitir a retirada de fragmentos de áreas distantes da capsula de Glisson, já que as áreas subcapsulares mostram muitas alterações  inespecificas. Alem disso, a biopsia transcutânea dispensa anestesia geral e reduz o custo do procedimento; sempre que possivel, deve ser realizada com o auxilio de ultrassonografia.
A hepatite aguda caracteriza-se pela presença predominante das alterações necroinflamatórias no parênquima, em contraposição com a hepatite crônica, na qual a inflamação e predominantemente portal. Nos casos de infeccao aguda, a biopsia hepática é justificada somente na duvida de diagnóstico.

Observar o tecido hepático em si é a melhor maneira de estabelecer o diagnóstico e de prover informações sobre o estágio da doença e seu grau de atividade. O padrão histológico hepático complementa a abordagem de pacientes com doença hepática conhecida, principalmente nas situações cujo padrão de fibrose orienta o tratamento. Nos pacientes em que não for recomendado o tratamento, a avaliação clínico-laboratorial deve ser quadrimestral e a biopsia hepática deve ser realizada a cada 3 a 5 anos.

Fonte:
1. Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C e Coinfecções. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília – DF. Julho de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário