quinta-feira, 3 de abril de 2014

Caso discutido em 03/04 - PS TC


ID: CLB, 31 anos, feminino
HD: apendicite aguda
TC abdome: apêndice aumentado de tamanho, com paredes espessadas e borramento da gordura adjacente.

Apendicite Aguda

A apendicite aguda é a causa mais comum de abdome agudo no mundo ocidental. O diagnóstico precoce é essencial Em aproximadamente 35% dos casos a apendicite já está em fase adiantada, com perfuração e abscesso local, no momento da cirurgia. Igualmente inquietante é o fato de que 16% a 47% dos casos das laparotomias de emergência de um hospital geral são brancas.
A fisiopatologia da apendicite aguda inicia com a obstrução do lúmen apendicular, por material fecal ou apendicolito. As secreções mucosas aumentam a pressão intraluminal e comprometem o retorno venoso. A mucosa torna-se hipóxica e apresenta ulcerações. Sobrevém infecção bacteriana, culminando, por fim, em gangrena e perfuração. Ocorre então peritonite livre, podendo ser vistas coleções na pelve, flanco, regiões sub-hepáticas e subdiafragmáticas, porém mais comumente observa-se abscesso encapsulado ao redor do apêndice, devido a bloqueio do processo pelo mesentério e alças da região.
A utilização dos métodos de imagem significou grande avanço no diagnóstico desta entidade, até então avaliada apenas com base na história clínica, no exame físico e dados laboratoriais, haja vista que 20% a 33% dos pacientes apresentam sintomas atípicos. O diagnóstico é mais difícil nas crianças, nos idosos e nas mulheres em idade fértil.
Os principais métodos de imagem para sua avaliação são a US e a TC. Pacientes com sinais clínicos e laboratoriais típicos podem ser encaminhados diretamente para a cirurgia, dispensando os métodos de imagem. Estes passam a ser fundamentais nos pacientes com sintomas atípicos, nas apendicites retrocecais, nos obesos e nas complicações da doença.
A US é um método rápido, não-invasivo, barato e não requer preparo do paciente ou administração de meio de contraste, porém é extremamente operador-dependente. Por não emitir radiação ionizante e representar bom método em condições ginecológicas agudas, é recomendado como estudo de imagem inicial em crianças, mulheres jovens e gestantes. A TC representa excelente alternativa diagnóstica em todos os demais pacientes, principalmente nos pacientes obesos e nas complicações da doença (perfuração).
O diagnóstico ultra-sonográfico da apendicite aguda depende do estágio anatomopatológico desta. Os principais achados US são: apêndice não compressível com diâmetro transversal maior que 6 mm, paredes com espessura maior que 3 mm, ausência da camada ecogênica central (submucosa), ausência de gás no interior do apêndice, sendo este preenchido por líquido, presença de apendicolito, visível como uma imagem ecogênica com sombra acústica, independentemente do tamanho apendicular.

Achados tomográficos: apêndice espesso (distensão do apêndice; é considerado espesso quando ≥ 8 mm de diâmetro transverso); espessamento da parede (espessura normal: entre 1 e 2 mm); borramento da gordura adjacente; espessamento do ceco; sinal da ponta de seta (desenho de uma ponta de seta na base de inserção do apêndice, em virtude do edema nesta topografia, em exames feito com contraste retal); apendicólito (não indica necessariamente que o órgão esteja inflamado; após a perfuração do apêndice, o apendicólito pode migrar para outros sítios dacavidade abdominal, com consequente formação de abscesso a distância); massa inflamatória  (caso o processo inflamatório seja intenso após a perfuração do apêndice); líquido livre (perfuração); gás extraluminal (perfuração).



 

Fontes:
1.    Montandon Júnior ME et al. Apendicite aguda: achados na tomografia computadorizada. Radiol Bras 2007;40(3):193–199
2.    Zorzetto AA et al. O uso da ultra-sonografia no diagnóstico e evolução da apendicite aguda. Radiol Bras 2003;36(2):71.75

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