ID: CLB, 31 anos, feminino
HD: apendicite aguda
TC abdome: apêndice aumentado
de tamanho, com paredes espessadas e borramento da gordura adjacente.
Apendicite Aguda
A
apendicite aguda é a causa mais comum de abdome agudo no mundo ocidental. O
diagnóstico precoce é essencial Em aproximadamente 35% dos casos a apendicite já
está em fase adiantada, com perfuração e abscesso local, no momento da cirurgia. Igualmente inquietante é o fato de que 16%
a 47% dos casos das laparotomias de emergência de um hospital geral são brancas.
A fisiopatologia da apendicite
aguda inicia com a obstrução do lúmen apendicular, por material fecal ou
apendicolito. As secreções mucosas aumentam a pressão intraluminal e comprometem
o retorno venoso. A mucosa torna-se hipóxica e apresenta ulcerações. Sobrevém
infecção bacteriana, culminando, por fim, em gangrena e perfuração. Ocorre
então peritonite livre, podendo ser vistas coleções na pelve, flanco, regiões sub-hepáticas
e subdiafragmáticas, porém mais comumente observa-se abscesso encapsulado ao
redor do apêndice, devido a bloqueio do processo pelo mesentério e alças da
região.
A utilização
dos métodos de imagem significou grande avanço no diagnóstico desta entidade,
até então avaliada apenas com base na história clínica, no exame físico e dados
laboratoriais, haja vista que 20% a 33% dos pacientes apresentam sintomas atípicos.
O diagnóstico é mais difícil nas crianças, nos idosos e nas mulheres em idade fértil.
Os principais
métodos de imagem para sua avaliação são a US e a TC. Pacientes com sinais
clínicos e laboratoriais típicos podem ser encaminhados diretamente para a
cirurgia, dispensando os métodos de imagem. Estes passam a ser fundamentais nos
pacientes com sintomas atípicos, nas apendicites retrocecais, nos obesos e nas
complicações da doença.
A US é um método
rápido, não-invasivo, barato e não requer preparo do paciente ou administração
de meio de contraste, porém é extremamente operador-dependente. Por não emitir
radiação ionizante e representar bom método em condições ginecológicas agudas,
é recomendado como estudo de imagem inicial em crianças, mulheres jovens e
gestantes. A TC representa excelente alternativa diagnóstica em todos os demais
pacientes, principalmente nos pacientes obesos e nas complicações da doença
(perfuração).
O diagnóstico
ultra-sonográfico da apendicite aguda depende do estágio anatomopatológico desta.
Os principais achados US são: apêndice não compressível com diâmetro
transversal maior que 6 mm, paredes com espessura maior que 3 mm, ausência da
camada ecogênica central (submucosa), ausência de gás no interior do apêndice,
sendo este preenchido por líquido, presença de apendicolito, visível como uma
imagem ecogênica com sombra acústica, independentemente do tamanho apendicular.
Achados tomográficos: apêndice
espesso (distensão do apêndice; é considerado espesso quando ≥ 8 mm de diâmetro
transverso); espessamento da parede (espessura normal: entre 1 e 2 mm); borramento
da gordura adjacente; espessamento do ceco; sinal da ponta de seta (desenho de
uma ponta de seta na base de inserção do apêndice, em virtude do edema nesta
topografia, em exames feito com contraste retal); apendicólito (não indica necessariamente
que o órgão esteja inflamado; após a perfuração do apêndice, o apendicólito pode
migrar para outros sítios dacavidade abdominal, com consequente formação de
abscesso a distância); massa inflamatória (caso o processo inflamatório seja intenso
após a perfuração do apêndice); líquido livre (perfuração); gás extraluminal (perfuração).
Fontes:
1. Montandon
Júnior ME et al. Apendicite aguda:
achados na tomografia computadorizada. Radiol Bras 2007;40(3):193–199
2. Zorzetto AA et al. O uso da ultra-sonografia no
diagnóstico e evolução da apendicite aguda. Radiol Bras 2003;36(2):71.75
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