ID: JPF, 64anos, feminino
HD: Osteoartrose
Paciente refere dor crônica em joelhos,
bilateral.
RX de joelhos: diminuição de densidade óssea, redução do espaço articular bilateral com osteofitose marginal.
A artrose compreende “um grupo
heterogêneo de condições que levam a sintomas e sinais articulares que estão
associados a defeitos da integridade da cartilagem articular, além de
modificações no osso subjacente e nas margens articulares”. Os termos osteoartrose (OA) ou osteoartrite são empregados como sinônimos de artrose.
A osteoartrose pode acometer
uma única ou diversas áreas articulares, envolvendo mais comumente articulações
que suportam peso em membros inferiores, certas articulações das mãos e as
colunas cervical e lombar. É sem dúvida a doença articular
mais prevalente em todo o mundo.
Trata-se de uma causa frequente
de dor, limitação funcional e incapacidade na população idosa, ocasionando
considerável perda da qualidade de vida do indivíduo acometido.
A osteoartrose pode ser
classificada em formas primária (ou idiopática) e secundária, sendo que ambas
podem ser subclassificadas, de acordo com o número de articulações acometidas,
em localizadas (menos de três grupos
articulares) ou generalizadas (três ou mais grupos articulares).
As articulações mais
frequentemente acometidas são joelhos, quadris, mãos (primeira carpometacarpal,
interfalângicas proximais e distais), coluna cervical e lombar, subtalar e
primeira metatarsofalângica.
Fatores de risco:
·
Fatores sistêmicos: idade, sexo (mãos e joelhos
em ♀ e quadril em ♂), etnia, fatores genéticos, hormonais, metabólicos, nutricionais
·
Fatores biomecânicos locais: peso corpóreo; lesões e deformidades adquiridas;
fatores ocupacionais e práticas esportivas; força muscular
Quanto à patologia, a osteoartrose é definida como a perda gradual
da cartilagem articular, associada a afilamento do osso subcondral, formação de
osteófitos (protrusões osteocartilaginosas) nas margens articulares e
inflamação sinovial crônica, leve e inespecífica.
As lesões se iniciam de maneira focal e, de forma progressiva,
acometem compartimentos específicos, induzindo alterações nas superfícies
articulares e causando destruição cartilaginosa progressiva.
O paciente típico com osteoartrose é um indivíduo de meia-idade ou
idoso, com sobrepeso, que se queixa de dor e rigidez nas articulações
acometidas, acompanhado de limitação de função.
Os principais sintomas da osteoartrose são dor, rigidez matinal de
curta duração, limitação de movimento e, nas formas mais graves, instabilidade
da articulação acometida.
Os achados ao exame físico variam de acordo com o local
acometido e a gravidade da doença, mas em geral pode-se observar aumento do
volume articular, presença de crepitações à mobilização, limitação à
movimentação passiva/ativa e atrofia muscular. Menos frequentemente, pode haver
sinais inflamatórios e, nas formas mais graves, deformidades.
O diagnóstico da osteoartrose baseia-se em parâmetros clínicos,
laboratoriais e radiográficos. Em geral, utiliza-se o critério radiográfico,
embora os achados ao exame de imagem possam ser inespecíficos, não havendo um
exame que seja considerado padrão-ouro para a detecção da doença.
Exames Laboratoriais: hemograma e bioquímica (devem ser solicitados se houver suspeita de
causas secundárias); provas de atividade
inflamatória (estão geralmente normais ou
pouco elevadas); marcadores do
metabolismo ósseo e cartilaginoso (a
concentração destas moléculas parece se correlacionar com os níveis de formação
e degradação da matriz cartilaginosa). A análise do líquido sinovial
mostra habitualmente uma contagem leucocitária inferior a 2.000 células/mm3,
sem outras anormalidades.
Exames Radiográficos: tanto a identificação quanto a avaliação da
gravidade do dano articular na osteoartrose podem ser realizadas por métodos
radiográficos, sendo os mais utilizados o RX, US, TC e RM.
·
RX: é o método mais utilizado, por ser barato,
amplamente disponível e validado, fazendo parte inclusive dos critérios do
Colégio Americano de Reumatologia para classificação da osteoartrose. Tem a
desvantagem de ser relativamente insensível para as fases iniciais da doença,
uma vez que não permite a visualização da cartilagem. A característica clássica
à radiografia convencional é a formação de osteófitos nas margens articulares.
Com a progressão da doença, nota-se redução assimétrica do espaço articular e
esclerose óssea subcondral, ou aumento da densidade óssea adjacente à articulação.
Nas fases mais tardias, formam-se cistos subcondrais com paredes escleróticas e
observa-se remodelação óssea.
A calcificação da cartilagem articular, ou condrocalcinose,
associada aos achados típicos da osteoartrose, deve levantar a suspeita de
formas secundárias da doença.
·
US: permite
a avaliação da cartilagem e das estruturas periarticulares. É pouco utilizada.
·
TC: permite
uma identificação mais precoce da osteoartrose em relação à radiografia
convencional. A utilização de contraste intra-articular (artrotomografia
computadorizada) permite uma definição bastante precisa da topografia das
lesões.
· RM: vem
sendo cada vez mais utilizada para aprimorar o diagnóstico por imagem da
osteoartrose. É um método mais sensível que a radiografia convencional na
identificação de osteófitos, perda cartilaginosa e cistos subcondrais, além de
detectar anormalidades de meniscos e ligamentos. Também é utilizada para
gradação da doença e para planejamento de intervenções cirúrgicas, nos casos em
que há complicações.
osteoartrose
de mão. Radiografia convencional mostrando acometimento típico da articulação
trapézio-metacarpal, com redução do espaço articular, esclerose subcondral,
osteofitose marginal e formação de cistos subcondrais.
osteoartrose de mão. Forma erosiva acometendo
interfalângicas e trapézio metacarpais: radiografia convencional mostrando
redução do espaço articular de interfalângicas distais e proximais,
irregularidade da interlinha articular, esclerose subcondral, formação de
osteófitos e cistos ósseos subcondrais.
osteoartrose de joelho. Radiografia
convencional em AP de joelho esquerdo mostrando redução do espaço articular e
aumento da densidade óssea, com osteofitose marginal femorotibial e hipertrofia
das espinhas tibiais.
osteoartrose de joelhos.
Artrotomografia do joelho esquerdo, reformatação nos planos coronal e sagital,
mostrando áreas de afilamento da cartilagem articular e osteofitose marginal
tricompartimental, com corpos livres intra-articulares.
osteoartrose de joelhos. Ressonância magnética
do joelho esquerdo, plano coronal, FSE DP com supressão de gordura, mostrando afilamento
da cartilagem articular, osteofitose marginal, esclerose e cistos subcondrais.
O corpo do menisco medial está extruso, irregular e com alteração de sinal.
Fonte:
1. http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/3610/osteoartrose.htm
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