domingo, 30 de março de 2014

Caso discutido em 28/03 - Musculoesqueletico


ID: JPF, 64anos, feminino
HD: Osteoartrose
Paciente refere dor crônica em joelhos, bilateral.
RX de joelhos: diminuição de densidade óssea, redução do espaço articular  bilateral com osteofitose marginal.

Osteoartrose

A artrose compreende “um grupo heterogêneo de condições que levam a sintomas e sinais articulares que estão associados a defeitos da integridade da cartilagem articular, além de modificações no osso subjacente e nas margens articulares”. Os termos osteoartrose (OA) ou osteoartrite são empregados como sinônimos de artrose.
A osteoartrose pode acometer uma única ou diversas áreas articulares, envolvendo mais comumente articulações que suportam peso em membros inferiores, certas articulações das mãos e as colunas cervical e lombar. É sem dúvida a doença articular mais prevalente em todo o mundo.
Trata-se de uma causa frequente de dor, limitação funcional e incapacidade na população idosa, ocasionando considerável perda da qualidade de vida do indivíduo acometido.
A osteoartrose pode ser classificada em formas primária (ou idiopática) e secundária, sendo que ambas podem ser subclassificadas, de acordo com o número de articulações acometidas, em localizadas (menos de três grupos articulares) ou generalizadas (três ou mais grupos articulares).
As articulações mais frequentemente acometidas são joelhos, quadris, mãos (primeira carpometacarpal, interfalângicas proximais e distais), coluna cervical e lombar, subtalar e primeira metatarsofalângica.
Fatores de risco:
·         http://www.medicinanet.com.br/image/disponivel_assinante.gifFatores sistêmicos: idade, sexo (mãos e joelhos em e quadril em ), etnia, fatores genéticos, hormonais, metabólicos, nutricionais
·         Fatores biomecânicos locais: peso corpóreo; lesões e deformidades adquiridas; fatores ocupacionais e práticas esportivas; força muscular
Quanto à patologia, a osteoartrose é definida como a perda gradual da cartilagem articular, associada a afilamento do osso subcondral, formação de osteófitos (protrusões osteocartilaginosas) nas margens articulares e inflamação sinovial crônica, leve e inespecífica.  
As lesões se iniciam de maneira focal e, de forma progressiva, acometem compartimentos específicos, induzindo alterações nas superfícies articulares e causando destruição cartilaginosa progressiva.
O paciente típico com osteoartrose é um indivíduo de meia-idade ou idoso, com sobrepeso, que se queixa de dor e rigidez nas articulações acometidas, acompanhado de limitação de função.
Os principais sintomas da osteoartrose são dor, rigidez matinal de curta duração, limitação de movimento e, nas formas mais graves, instabilidade da articulação acometida.
 Os achados ao exame físico variam de acordo com o local acometido e a gravidade da doença, mas em geral pode-se observar aumento do volume articular, presença de crepitações à mobilização, limitação à movimentação passiva/ativa e atrofia muscular. Menos frequentemente, pode haver sinais inflamatórios e, nas formas mais graves, deformidades.
O diagnóstico da osteoartrose baseia-se em parâmetros clínicos, laboratoriais e radiográficos. Em geral, utiliza-se o critério radiográfico, embora os achados ao exame de imagem possam ser inespecíficos, não havendo um exame que seja considerado padrão-ouro para a detecção da doença.
Exames Laboratoriais: hemograma e bioquímica (devem ser solicitados se houver suspeita de causas secundárias); provas de atividade inflamatória (estão geralmente normais ou pouco elevadas); marcadores do metabolismo ósseo e cartilaginoso (a concentração destas moléculas parece se correlacionar com os níveis de formação e degradação da matriz cartilaginosa).  A análise do líquido sinovial mostra habitualmente uma contagem leucocitária inferior a 2.000 células/mm3, sem outras anormalidades.
Exames Radiográficos: tanto a identificação quanto a avaliação da gravidade do dano articular na osteoartrose podem ser realizadas por métodos radiográficos, sendo os mais utilizados  o RX, US, TC e RM.
·         RX: é o método mais utilizado, por ser barato, amplamente disponível e validado, fazendo parte inclusive dos critérios do Colégio Americano de Reumatologia para classificação da osteoartrose. Tem a desvantagem de ser relativamente insensível para as fases iniciais da doença, uma vez que não permite a visualização da cartilagem. A característica clássica à radiografia convencional é a formação de osteófitos nas margens articulares. Com a progressão da doença, nota-se redução assimétrica do espaço articular e esclerose óssea subcondral, ou aumento da densidade óssea adjacente à articulação. Nas fases mais tardias, formam-se cistos subcondrais com paredes escleróticas e observa-se remodelação óssea.

A calcificação da cartilagem articular, ou condrocalcinose, associada aos achados típicos da osteoartrose, deve levantar a suspeita de formas secundárias da doença.
·         US: permite a avaliação da cartilagem e das estruturas periarticulares. É pouco utilizada. 
·         TC: permite uma identificação mais precoce da osteoartrose em relação à radiografia convencional. A utilização de contraste intra-articular (artrotomografia computadorizada) permite uma definição bastante precisa da topografia das lesões.
·        RM: vem sendo cada vez mais utilizada para aprimorar o diagnóstico por imagem da osteoartrose. É um método mais sensível que a radiografia convencional na identificação de osteófitos, perda cartilaginosa e cistos subcondrais, além de detectar anormalidades de meniscos e ligamentos. Também é utilizada para gradação da doença e para planejamento de intervenções cirúrgicas, nos casos em que há complicações.
osteoartrose de mão. Radiografia convencional mostrando acometimento típico da articulação trapézio-metacarpal, com redução do espaço articular, esclerose subcondral, osteofitose marginal e formação de cistos subcondrais.

osteoartrose de mão. Forma erosiva acometendo interfalângicas e trapézio metacarpais: radiografia convencional mostrando redução do espaço articular de interfalângicas distais e proximais, irregularidade da interlinha articular, esclerose subcondral, formação de osteófitos e cistos ósseos subcondrais.



osteoartrose de joelho. Radiografia convencional em AP de joelho esquerdo mostrando redução do espaço articular e aumento da densidade óssea, com osteofitose marginal femorotibial e hipertrofia das espinhas tibiais.



osteoartrose de joelhos. Artrotomografia do joelho esquerdo, reformatação nos planos coronal e sagital, mostrando áreas de afilamento da cartilagem articular e osteofitose marginal tricompartimental, com corpos livres intra-articulares.

osteoartrose de joelhos. Ressonância magnética do joelho esquerdo, plano coronal, FSE DP com supressão de gordura, mostrando afilamento da cartilagem articular, osteofitose marginal, esclerose e cistos subcondrais. O corpo do menisco medial está extruso, irregular e com alteração de sinal.

Fonte:
1. http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/3610/osteoartrose.htm

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