quinta-feira, 20 de março de 2014

Caso discutido em 20/03 - Abdome

ID: CIS, 44a,
HD: Endometriose
Exame físico: nódulo palpável ao toque, em fundo de saco.
RM pelve:
- nódulo espiculado de 3 cm de aspecto retrátil, na parede posterior do fórnice vaginal, ligamento sacouterino e aderido em parede antero-lateral do reto, a 9 cm da borda anal – compatível com foco de endometriose.
- Espessamento de parede posterior de vagina.


Endometriose

A endometriose é caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero. É afecção estrógeno-dependente e acomete normalmente mulheres na 3ª e 4ª década de vida.
Os implantes de tecido endometrial sofrem alterações cíclicas menstruais com sangramentos periódicos. A hemorragia dentro desses implantes induz reação inflamatória pélvica e consequente formação de aderências.
Acomete com maior frequência os ligamentos uterosacros, ovários, escavação reto-uterina e vesico-uterina. Acomete sítios extravaginais em até 10% dos casos. Pode ser superficial ou profunda (infiltração >5mm no peritônio ou acomete órgão e ligamento)
Os sintomas podem ser variados e incluem dor pélvica, dismenorréia, dispareunia, sintomas urinários e infertilidade
O diagnóstico é clínico e pode ser auxiliado por marcadores (como o CA 125) ou exames de imagem (US). O diagnostico de certeza é feito pela vídeolaparoscopia. No entanto, por vezes, os nódulos profundos não são visíveis à laparoscopia e a RM ou a ecocolonoscopia podem ser úteis.
Quando há suspeita de endometriose profunda, presença de nódulo em fórnice posterior da vagina ou mobilização dolorosa do colo, exames de imagem devem ser solicitados.
A RM pode avaliar áreas inacessíveis ao laparoscópio, podendo identificar e avaliar a extensão de lesões subperitoneais e de permeio a aderências. Na avaliação da endometriose profunda, a RM apresenta acurácia, sensibilidade e especificidade acima de 90%.
Os achados de imagem na RM em pacientes com endometriose pélvica profunda dependem do tipo da lesão: pequenos implantes infiltrativos, lesões sólidas profundas e endometriose visceral envolvendo as paredes retal e vesical. A demonstração pela RM da endometriose na forma de pequenos implantes infiltrativos pode ser limitada.
O padrão–ouro para o tratamento da endometriose é a ressecção completa das lesões. Assim, a avaliação pré–operatória por exames de imagem permitem uma melhor programação terapêutica. 






Fontes:
1. COUTINHO JUNIOR, Antonio Carlos et al. Magnetic resonance imaging in deep pelvic endometriosis: iconographic essay.Radiol Bras [online]. 2008, vol.41, n.2, pp. 129-134. ISSN 0100-3984.
2. PRADO, F. C.; RAMOS, J.; RIBEIRO DO VALLE, J. Atualização terapêutica:manual prático de diagnóstico e tratamento.São Paulo: Artes Médicas, 1996

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