quinta-feira, 27 de março de 2014

Caso discutido em 27/03 - Abdome


ID: MAOT, 42 anos, feminino
HD: Pielonefrite aguda
Paciente com queixa de cólica abdominal há 2 dias e febre. Ao exame apresentava punho percussão dolorosa à direita.
TC abdome: aumento de volume renal D com parênquima heterogêneo; heterogeneidade da gordura perirrenal. Vesícula biliar distendida e de parede espessada.

Pielonefrite

Pielonefrite aguda denomina o processo inflamatório/infeccioso renal. Trata-se de uma doença comum, que acomete o parênquima, o interstício e a pelve renais e incide mais na população feminina, na idade adulta, com pico dos 15 aos 40 anos.
Patologicamente, a doença inflamatória dos rins geralmente ocorre como resultado de uma infecção ascendente do trato urinário inferior por patógenos entéricos gram-negativos (geralmente E coli). As condições que predispõem um paciente com infecção do trato urinário inferior ao envolvimento renal incluem refluxo vesicoureteral, função alterada da bexiga, anomalias congênitas do trato urinário e a presença de cálculos renais.
Na grande maioria das vezes o diagnóstico é clínico e laboratorial. Quando há dificuldade para diferenciar uma infecção do trato urinário inferior de um envolvimento do parênquima renal, os exames por imagem geralmente são solicitados, tanto para diagnóstico como para planejamento do tratamento.
Pacientes saudáveis com pielonefrite não complicada, provavelmente, não precisarão de nenhum exame radiológico se eles responderem à terapia com antibióticos dentro de 72 horas. Se não houver resposta à terapia, a urografia é provavelmente o ponto de partida mais eficaz em termos de custos para avaliação. Diabéticos ou outros pacientes imunodeprimidos devem, provavelmente, ser avaliados 24 horas após o diagnóstico com TC pré e pós-contraste.
Tradicionalmente, a urografia excretora tem sido a principal modalidade diagnóstica para exame por imagem em pacientes com infecção renal. Não para diagnosticar uma pielonefrite, mas para procurar uma anormalidade anatômica subjacente que possa ter predisposto o paciente à infecção; cálculo, necrose papilar ou obstrução que possa impedir uma resposta terapêutica rápida; Atualmente existem evidências de que a urografia de rotina não altera o tratamento clínico em 90% dos pacientes. Este método vem sendo abandonado.
A TC com meio de contraste intravenoso é o exame recomendado, em virtude da sua elevada sensibilidade e especificidade. Seu uso está basicamente restrito aos casos com suspeita de complicação, no controle de pacientes com evolução clínica desfavorável, ou na pesquisa de alguma alteração funcional e morfológica do trato urinário.
O nefrograma heterogêneo é o principal sinal tomográfico indicativo de pielonefrite aguda e também o mais objetivo, entretanto não é patognomônico. Nefromegalia e heterogeneidade da gordura peri-renal também são frequentes. Outras alterações associadas à pielonefrite: nefrolitíase, derrame pleural, espessamento da parede da vesícula biliar, líquido perivesicular e edema periportal. A TC é também o exame de escolha para diagnosticar potencial complicação da infecção, tal como um abscesso renal ou perinefrético ou um enfisema renal.
O ultra-som deve ser reservado para pacientes nos quais se suspeita de pielonefrite e naqueles para os quais a exposição ao contraste ou radiação é prejudicial.





Fontes:
1. Campos FA, Rosas GQ, Goldenberg D, Szarf G, D’Ippolito G. Frequência dos Sinais de Pielonefrite Aguda em Pacientes Submetidos a Tomografia Computadorizada. Radiol Bras 2007;40(5):309–314
2. Colégio Brasileiro de Radiologia - Critérios de Adequação do ACR. Diagnóstico por Imagem na Pielonefrite Aguda - Resumo da Revisão da Literatura.

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