ID: MAOT, 42 anos, feminino
HD: Pielonefrite aguda
Paciente com
queixa de cólica abdominal há 2 dias e febre. Ao exame apresentava punho
percussão dolorosa à direita.
TC abdome: aumento de volume renal D com parênquima heterogêneo;
heterogeneidade da gordura perirrenal. Vesícula biliar distendida e de parede
espessada.
Pielonefrite
Pielonefrite aguda denomina o processo inflamatório/infeccioso renal.
Trata-se de uma doença comum, que acomete o parênquima, o interstício e a pelve
renais e incide mais na população feminina, na idade
adulta, com pico dos 15 aos 40 anos.
Patologicamente, a doença
inflamatória dos rins geralmente ocorre como resultado de uma infecção
ascendente do trato urinário inferior por patógenos entéricos gram-negativos
(geralmente E coli). As condições que predispõem um paciente com infecção do
trato urinário inferior ao envolvimento renal incluem refluxo vesicoureteral,
função alterada da bexiga, anomalias congênitas do trato urinário e a presença
de cálculos renais.
Na grande maioria das vezes o diagnóstico é clínico e laboratorial. Quando há dificuldade para diferenciar
uma infecção do trato urinário inferior de um envolvimento do parênquima renal,
os exames por imagem geralmente são solicitados, tanto para diagnóstico como
para planejamento do tratamento.
Pacientes saudáveis com
pielonefrite não complicada, provavelmente, não precisarão de nenhum exame
radiológico se eles responderem à
terapia com antibióticos dentro de 72 horas. Se não houver resposta à terapia,
a urografia é provavelmente o
ponto de partida mais eficaz em termos de custos para avaliação. Diabéticos ou
outros pacientes imunodeprimidos
devem, provavelmente, ser avaliados 24 horas após o diagnóstico com TC pré e
pós-contraste.
Tradicionalmente, a urografia
excretora tem sido a principal modalidade diagnóstica para exame por imagem em
pacientes com infecção renal. Não para diagnosticar uma pielonefrite, mas para
procurar uma anormalidade anatômica subjacente que possa ter predisposto o
paciente à infecção; cálculo, necrose papilar ou obstrução que possa impedir
uma resposta terapêutica rápida; Atualmente existem evidências de que a
urografia de rotina não altera o tratamento clínico em 90% dos pacientes. Este
método vem sendo abandonado.
A TC com meio de contraste intravenoso é o exame recomendado, em virtude
da sua elevada sensibilidade e especificidade. Seu uso está basicamente
restrito aos casos com suspeita de complicação, no controle de pacientes com
evolução clínica desfavorável, ou na pesquisa de alguma alteração funcional e
morfológica do trato urinário.
O nefrograma heterogêneo é o principal sinal tomográfico indicativo de
pielonefrite aguda e também o mais objetivo, entretanto não é patognomônico.
Nefromegalia e heterogeneidade da gordura peri-renal também são frequentes. Outras
alterações associadas à pielonefrite: nefrolitíase,
derrame pleural, espessamento da parede da vesícula biliar, líquido
perivesicular e edema periportal. A TC é também o exame de escolha para diagnosticar potencial complicação da infecção, tal
como um abscesso renal ou
perinefrético ou um enfisema renal.
O ultra-som deve ser reservado para pacientes nos quais se
suspeita de pielonefrite e naqueles para os quais a exposição ao contraste ou radiação é
prejudicial.
Fontes:
1. Campos FA,
Rosas GQ, Goldenberg D, Szarf G, D’Ippolito G. Frequência dos Sinais de Pielonefrite Aguda em Pacientes Submetidos a
Tomografia Computadorizada. Radiol
Bras 2007;40(5):309–314
2. Colégio
Brasileiro de Radiologia - Critérios de Adequação do ACR. Diagnóstico por Imagem na Pielonefrite Aguda - Resumo da Revisão da
Literatura.
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