ID: MAFS, 47 anos, ♀
HD: Pé plano valgo adquirido
Paciente com queixa de dor à deambulação em tornozelo e
pé E associado a edema. Encaminhada pela Ortopedia, com HD de pé plano do
adulto, para avaliação ultrassonográfica de tendões de tornozelo E.
Alterações ao US
de tornozelo E:
- tendinopatia de
tibial posterior, com espessamento e hipoecogenicidade do tendão em região infra
e retro-maleolar
- tendinopatia de fibular longo e curto, com espessamento
e hipoecogenicidade das estruturas; presença de fissura em tendão do fibular
curto.
Pé plano do adulto
A insuficiência do músculo tibial posterior é uma das principais causas
de pé plano adquirido do adulto. A origem da doença não é bem
esclarecida: teoria inicial acreditava que o problema origina-se devido a uma
zona hipovascular da região.
A lesão do tendão decorre de
um estresse agudo ou crônico (por overuse), e prodomina em mulheres de meia
idade.
A perda da função do tibial
posterior (TP) acarreta alterações na marcha, pois as articulações transversas
do tarso são bloqueadas quando o calcâneo variza, e isso torna o pé uma peça
única, economizando energia. Quando não há função do TP, o calcâneo valgiza,
ocasionando mudança no eixo do tríceps sural, que fica lateralizado, diminuindo
a força de propulsão, e as articulações do médio pé ficam
desbloqueadas. O resultado desse desbloqueio do médio pé é um gasto maior de
energia durante a marcha. Tal gasto manifesta-se em cansaço e limitação em percorrer distâncias moderadas.
Evolução
da doença: tenossinovite sem deformidade do pé (estágio 1 de Johnson); uma insuficiência
do TP, com deformidade em plano, mas ainda móvel (estágio 2 de Johnson); um pé
plano rígido (estágio 3 de Johnson)(); e,
por fim, há a destruição da articulação do tornozelo, com artrose e valgo (estágio 4, acrescentado
por Myerson).
Diagnóstico:
clínico, mas deve-se realizar RX de pé e tornozelo para avaliar articulações intertásicas
e US ou RNM para avaliar presença de rotura tendínea. Estudos comparando o US com
a RNM mostraram especificidade e acurácia semelhantes para detecção de lesões do tendão do
TP; e que o US é um pouco menos sensível que a RNM.
Figura: Rompimento parcial da espessura do tendão tibial posterior.
Ultra-som longitudinal mostra um padrão normal fibrilar intacto da parte profunda
do tendão (seta preta) com ruptura parcial de fibras superficiais onde há perda
do padrão ecogênico normal e um afinamento localizado do tendão (seta branca)
Fontes:
1. Demore AB, Kim A, Camargo LM, Stiegemaier A. Avaliação do tratamento cirúrgico do
pé plano adquirido do adulto estágio II. Rev ABTPé. 2012; 6n2:90-96
2. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Tendão Tibial Posterior: Lesão Degenerativa. Projeto Diretrizes - 30 de maio de 2008.
3. R J Hodgson, BM, PhD, P J O' Connor, MB, ChB, and A J Grainger, BM, PhD. Tendon and Ligament imaging.Br J Radiol. Aug 2012; 85(1016): 1157-1172.
Nenhum comentário:
Postar um comentário