segunda-feira, 17 de março de 2014

Caso atendido no dia 17/03 – USG Geral


ID: MAFS, 47 anos,
HD: Pé plano valgo adquirido
Paciente com queixa de dor à deambulação em tornozelo e pé E associado a edema. Encaminhada pela Ortopedia, com HD de pé plano do adulto, para avaliação ultrassonográfica de tendões de tornozelo E.
Alterações ao US de tornozelo E:
 - tendinopatia de tibial posterior, com espessamento e hipoecogenicidade do tendão em região infra e retro-maleolar
- tendinopatia de fibular longo e curto, com espessamento e hipoecogenicidade das estruturas; presença de fissura em tendão do fibular curto.

Pé plano do adulto
A insuficiência do músculo tibial posterior é uma das principais causas de pé plano adquirido do adulto. A origem da doença não é bem esclarecida: teoria inicial acreditava que o problema origina-se devido a uma zona hipovascular da região.
A lesão do tendão decorre de um estresse agudo ou crônico (por overuse), e prodomina em mulheres de meia idade.
A perda da função do tibial posterior (TP) acarreta alterações na marcha, pois as articulações transversas do tarso são bloqueadas quando o calcâneo variza, e isso torna o pé uma peça única, economizando energia. Quando não há função do TP, o calcâneo valgiza, ocasionando mudança no eixo do tríceps sural, que fica lateralizado, diminuindo a força de propulsão, e as articulações do médio pé ficam desbloqueadas. O resultado desse desbloqueio do médio pé é um gasto maior de energia durante a marcha. Tal gasto manifesta-se em cansaço e limitação em percorrer distâncias moderadas.
                Evolução da doença: tenossinovite sem deformidade do pé (estágio 1 de Johnson); uma insuficiência do TP, com deformidade em plano, mas ainda móvel (estágio 2 de Johnson); um pé plano rígido (estágio 3 de Johnson)(); e, por fim, há a destruição da articulação do tornozelo, com artrose e valgo (estágio 4, acrescentado por Myerson).
                Diagnóstico: clínico, mas deve-se realizar RX de pé e tornozelo para avaliar articulações intertásicas e US ou RNM para avaliar presença de rotura tendínea. Estudos comparando o US com a RNM mostraram especificidade e acurácia  semelhantes para detecção de lesões do tendão do TP; e que o US é um pouco menos sensível que a RNM.



Figura: Rompimento parcial da espessura do tendão tibial posterior. Ultra-som longitudinal mostra um padrão normal fibrilar intacto da parte profunda do tendão (seta preta) com ruptura parcial de fibras superficiais onde há perda do padrão ecogênico normal e um afinamento localizado do tendão (seta branca)


Fontes:
1. Demore AB, Kim A, Camargo LM, Stiegemaier A. Avaliação do tratamento cirúrgico do
pé plano adquirido do adulto estágio II. Rev ABTPé. 2012; 6n2:90-96
2. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Tendão Tibial Posterior: Lesão Degenerativa. Projeto Diretrizes - 30 de maio de 2008.
3. R J Hodgson, BM, PhD, P J O' Connor, MB, ChB, and A J Grainger, BM, PhD. Tendon and Ligament imaging.Br J Radiol. Aug 2012; 85(1016): 1157-1172.


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